Quente Adormecer

Chama

Que inflama

Em mim o sorriso

No cemitério de esperanças

Dedos endurecidos

Munidos

Do desejo em mim, contido

Esfriam ao tocar

A crosta enferrujada

Da gaiola que aqui me retém

Amarelo decadente

Esconde o intocado e firme

Núcleo

Eu quero

Mas não quero

Posso

Mas não posso

Amor

Despejado ao vento

Vitimado

Pelo azedo "não posso"

Não posso

Outorgado pela gaiola

Coagula a água

Endurece as paredes

E o adormecer

Com neve, me abraça

Grand finale

Coroado com lágrimas

Palavras não ditas

Desesperadas para serem ditas

Corpo afundando

Na vasta solidão

Sufocando o calor

Que chama por socorro

E pelo seu nome

E foi assim

Que a coragem morreu

Ao tentar silenciar

A voz que tecia o medo

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 27/06/2019
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