FEBRE DO AMOR
Na ardência da febre
O corpo debilitado
A alma do poeta quase expirada
As mãos clamando por uma pena
E um imprestável, que de poesia
Não entende nada
Sussurra, exalando o hálito saudável:
— Dias melhores virão!
Ai! Dia de cão
Quem dera, ali, no leito
Houvesse um doutor do amor
Carregando no peito o emblema precioso
A pena, o gozo do poeta
A pena...
Assim, mesmo a queimar de febre
Com a alma vendo a morte
O poeta sopraria com alívio
Diria: — enfim, alguém entendido
Um cara amigo
Que sabe que preciso da pena
E não de sorte.