Do ato de ler
Ler um poema
É como visitar um templo:
O belo e o sagrado se irmanam
No ritual da alegria.
Com o coração aguardando surpresas
Percorro seus corredores,
Feito um fantasma traquino,
Deliciando-me com
Palavras, frases,
Segredos compartilhados.
Às vezes sinto uma enorme vontade
De deixar pegadas.
De estabelecer contato.
E faço.
Lendo e relendo cada verso,
Saboreando palavras,
Mastigando rimas,
Adivinhando o sentimento
Das entrelinhas,
Sublinhando,
Fazendo-me cúmplice
Não raro incorporo a musa
E fantasio que a mim foram ditas todas as palavras de amor,
Por mim foram cometidas todas as loucuras,
Revelados todos os sonhos e desejos inconfessáveis.
Bendito seja quem se encontra e se ama
No altar deste templo!
Bendito o amor, poesia da vida!