O AMOR NÃO MORRE
O peito é terra que tudo encerra
Tudo migra, tudo morre e tudo nasce deste muro
São ramos de paixão espalhados pela terra
Ou frutos que amarelecem quando maduros
São veias exangues em sulcos pedregosos
Nuvens, gados libertos do céu
A embreagem dos tempos gozosos
Neste minuto, quantas coisas ficaram ao léu...
Tudo ao passar das horas é consumido
Todo ser amado um dia é consumado
O que estava de frente não pode ser vivido
E o que ficava defronte agora está do lado...
O amor esta lembrança é mais antiga que o próprio nome
A saudade é uma absorção abstrata do fogo sagrado
É como o álcool exposto ao sol se volatiliza e some
E dilatamos nossa memória com a presença do ser amado
A saudade são andorinhas que voam pelos nossos sonhos
Fazendo ruídos no rubicundo céu de nosso molusco pensar
Chegam a sangrar junto ao sol solitário e enfadonho
Como que querendo esquecer no riscar de seu crepúsculo
A cicatriz que a lua faz riscando seu reflexo junto ao mar...
O amor sempre estará esperando
Por pessoas que são suas substâncias inseparáveis
Mesmo que fiquem sem rostos e que restos sejam
Nunca se apaga de nós os desaparecidos
Porque na verdade somos nós que eles estão procurando
Somos nós as sombras recostadas
Os vidros quebrados não voltam a se emendar
A viagem continua pois que o amor
Mesma na espera é uma eterna procura...
O amor é uma saudade e uma dor
Que onde quer que você esteja
E com que quer que seja
Ainda vai existir
Porque se não te consumir, nunca será amor.