SONETO DO POETA ACAMADO

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Dorme a garrafa de água mineral

quase seca atrás do telefone

que, em luz embaçada feita cone,

jaz silencioso em cima dum jornal.

Passam lentas as horas sem descanso

numa cama que de amor já foi febril,

mas que agora –proscrita- só se abriu

para abrigo dum corpo lasso e manso.

O remédio adocicado não abranda

a aflição da garganta arrebentada,

muito menos o pesar dum coração:

-no trajeto maçante que não anda

o delírio divisa a doce fada

e seu lábios de divina perdição.

Richard Foxe
Enviado por Richard Foxe em 09/06/2019
Código do texto: T6668893
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