AMO A VIDA COMO WALT WHITMAN
Nada de mau pode acontecer
quando se ama a vida.
Amar o momento,
da orquestra
quando os músicos estão prontos.
Nada de terrível pode vir
quando se deseja a vida.
Abro a janela,
no céu noturno passa um balão luminoso,
carrega uma faixa onde se lê:
“Não à violência!”
Mas nada de ruim pode ocorrer,
quando surge o amor à vida.
(Quero poder expor meu afeto,
dessa paixão que faz a curva no tempo,
que me acorda de um sonho doce,
com delicados suspiros).
Eu sei,
mas nada pode queimar, furar.
Não há zunido que nos afete
quando se encontra o amor
e também uma história,
possível de localizar
na beira do rio, no som do brinde
do cristal mais novo,
no som do brinde que comemora
as bodas de prata
do novo casal.
Então quero sair contigo
porque nada de mau pode ser visto,
quando se nota a semente do apego ao mundo
quando há uma dedicação ao ofício de viver
e a inveja desse cuidado não pode matar.
Sigamos os trilhos
do trem para todas as cidades
onde leremos as placas de “Bem Vindos”
e sempre seremos bem recebidos.
Já amamos a vida
e tudo se contornou
até a falha da morte
de entes queridos,
até os dias incertos
que constam em calendários.
E se não há registros de dúvidas,
foi porque o amor surgiu como parte
da nossa orgia de existir.
Sim, não há danos
quando se ama a vida.
Sempre comprovo este amor,
sinto sua área de transferência,
na minha esposa com seus castelos,
no meu filho que abraço agora,
na minha filha adolescente
que imagina o amor completo.
Não deixo de imaginar também.
Amo a vida como Walt Whitman.
São cinco da manhã de um domingo apaixonado.
O maior domingo desta parte do Ocidente.