Dama de Ferro
Penso todo dia quem lhe feriu,
Quem lhe moldou e desferiu,
Golpe que fez recuar-se em essência,
Suplico a ti com clemência,
Preciso de você.
A quem carrega meu braço,
Quem me tem no abraço,
Que me envolve em seu laço,
Findo-me em seu traço.
Mulher de rabo de cavalo,
As vezes trança de lado,
De batom roxo ou vermelho,
Sorrindo em aparelho.
Da unha que me passa bochecha,
As vezes me atira uma flecha,
Que me acerta também em frecha,
Tudo que eu quero é uma brecha.
As vezes comigo,
As vezes perdida consigo,
As vezes como querido,
As vezes como amigo.
Vendo em dia como hábito,
Outros como boneco de plástico,
De calor entusiástico,
Outrora gélida como ártico.
De falso somente coisas que não tem condições de comprar,
Mas do real somente o que não se pode comparar,
É um eterno andar,
Que não tem tempo nem de parar,
Moçoila de pele tão macia,
De tua palavra és supremacia,
O sinônimo de teimosia encarnado,
Mas de vocábulo encantado,
Pode me deixar irritado,
Mas eu nunca partiria do seu lado.
De tempos em tempos acontecem suas estações,
No limiar de realidades e emoções,
De poesias e canções,
Entre mentes e corações.
Como pode mulher com pele mais sucinta que pluma,
Com garra de adulto puma,
Ter característica de dama de ferro,
Executando-se com tanto esmero.
Queria poder ter seu coração,
Quando tornar-se casa em caixão,
Para que de antemão,
Não sofresse com toda situação,
Queria poder enfiar mão adentro,
E tirar teu coração antes de perfurar o espeto,
Mas se fosse entrar com amor ciumento,
Que vos trememos em mútuo sofrimento.
Poderia eu fazer sumir a dama de ferro,
Que me ensurdeceria com um berro,
De dor a floreado mortalmente sincero,
Deixa que seu sofrimento eu enterro.
Dama de ferro que se quebraria como vidro,
Chora sendo anidro,
Choro que não necessita de lágrima,
Foi vem do fundo da alma.
Se pudesse perderia dedos tirando tuas farpas,
Colando suas preciosas lascas,
Tirando-lhe as cascas,
Caindo-lhe as máscaras.
Pisaria em mil milhões lambedeiras,
Me jogaria de infinitas beiras,
Quebraria em cordilheiras,
Ficaria acordado em olheiras.
Dama de ferro de toque tão caloroso,
De jeito tão amoroso,
De amor tão fervoroso,
O que te traz recuo tenebroso?
Quando abriu sua câmara vi sentimentos,
Trapos de falsos juramentos,
Grilhões de ataques ciumentos,
Vivenciadora de momentos.
Se lhe for suficiente tenho meu coração,
Teu nome nos meus lábios em toda oração,
Tua rima em toda minha canção,
Toda minha defesa quando necessitar de proteção.
Dama de ferro se ter medo me deixe entrar,
Vou deitá-la em meu colo para chorar,
Irei te animar,
Todo carinho e tempo que precisar.
Não importe com cicatrizes que abrir,
O que o futuro tenha por vir,
Preciso que esteja sempre a sorrir,
Mesmo que meu coração vá se a partir,
A partir daqui é recomeço,
Diga “Eu mereço”.
Dama de ferro quero lhe tirar a vergonha,
Fazer um bebê vir da cegonha,
Que nada lhe imponha,
E com sua fé em mim ponha.
Dama de ferro sei que és quimérica,
Tu não és genérica,
Mesmo tão histérica,
Não és acrílica,
Então fica,
Comigo,
Consigo.
Quero lhe restaurar a quem deveria ser,
Quem Deus formou quando fez nascer,
Pois a cada dia que há retrocesso,
Minha alma vem a perecer.
Sei que dentro de nosso interior,
Há uma parte minha com fervor,
Que quer cavar quem você escondeu a sete chaves,
E eu vou lhe procurar com todo amor.
Tenho todo tempo do mundo se for lhe esperar,
Mesmo que venha me machucar,
Mesmo que ambos formos chorar,
Vou sempre lhe amar,
Não me deixe ficar,
Sem teu tocar,
Não me deixe cair,
Sem teu sorrir,
Não me deixeis em prol da sanidade,
Pois vou sentir saudade,
Vem como nunca veio,
Quero tanto dormir em teu seio,
Pois te anseio.
Dama de Ferro é defesa do tempo,
Mas lhe quero em véu,
Aqui ou no céu.
Você será você mesma sempre,
Eu creio,
A quem eu tenha que me acostumar,
Vou sempre a ti ser,
Só deixemos acontecer.