TERRA ENFERMA

Eu que fui terra enferma sem florescer,

Me viciava numa constância de um querer,

Aquilo que o olho não tinha contemplado,

Que a mão jamais tinha tocado,

E o suspiro não tinha respirado,

Mas anelava ver,

Queria ter...

Eu que fui um louco desamparado,

E nas contestações da vida envenenado,

Fui revel sem poder replicar,

E quanto mais me faltava o amor,

Mais queria amar,

Te encontrar,

E respirar...

Porque não nos basta as migalhas,

Quando um sentido faltava às palavras,

De alguém que por ser superficial podia avassalar,

Porque não se cura o vento que faz perder o velho tempo,

Quando os minutos eram em minha garganta um nó de tormento,

E tantas vezes sofri, por não estar aqui.

Porque agora que achei meu sustento,

Destruí os espinhos do arrependimento,

E liberto minha alma em um longo abraço,

Porque agora eu não tenho lamento,

Abortei todo ressentimento,

E em sua companhia completei as frestas e cada espaço em mim.

E eu que fui terra enferma sem florescer,

Me viciava numa constância de querer,

E agora me sacio de você,

E o meu inverno floresce,

Dentro de mim isso cresce,

Duas almas resgatas,

Em um eu e você.