Se um dia eu acordasse no passado
Se um dia eu acordasse no passado,
Procuraria por onde venho passado,
Caminhando em pegadas que tenho trilhado,
Em busca de quem estou destinado.
O inverno a vista,
Conquanto me insista,
Persista oh meu eu,
A quem a realidade morreu.
Quão é o mundo que acordei,
Primeiro me procurei,
Tampouco suspirei,
Demorei,
Não deu tempo nem de inflar pulmões,
Dando o sonho dantesco dessas questões.
A quem fiz,
Quem inspirei,
Vingou a mim por quem irritei,
Saber do futuro muda quem eu serei?
A que se compara a invernada,
De reviver vida passada,
É ver,
E não ter nada.
Os dias se completam,
Dias vem a morrer,
Noites vem a matar,
Os dias se perduram,
Noites a morrer,
Dias a brilhar,
Os dias se repetem,
Dias vem a morte,
Noites a mercê da sorte,
Os dias se fortalecem,
Noites perecem,
Dias que se reconhecem.
O que me acompanhava era o medo do incerto,
Meu destino já é certo,
Mas e os ventos de mudanças,
Que mudaria um movimento de dança,
Ao esperado é repetição,
O erro é perdição,
Ilustre prisioneiro do roteiro,
Vivenciando novamente o que tento conciliar por inteiro.
Quem me prende todas as ações,
Salva-me de mim mesmo,
Existentes são suas intenções,
Mas por que reconstruir perdições?
Em balbúcias te sacudirias,
Perpetuava quem me estacou todas tais mentiras,
Perguntaria porque não estou do seu lado,
E se dissesse que não me ama,
Me diga que estou errado,
Eu preciso estar errado,
Esse mundo está errado.
Homem realizado,
Que não se arrependa,
Homem traumatizado,
Que possui todo um passado,
Homem amado,
Aguarda o momento de estar casado.
Se um dia eu acordasse no passado,
Tentaria dormir irritado,
Deitaria na cama,
E entregaria em coma.
Pois nego qualquer existência,
Que eu não tenha sua essência,
Que não tenha sua permanência,
Que não eu não possua essa coincidência.
Se um dia eu acordasse no passado,
Voltaria a me deitar,
Se hoje vivo um sonho,
Espero nunca acordar.