Oceano de Astros
Quanto custou esse oceano que tanto me gela,
Qual o preço pago por essa imensidão ser pisada por alma tão singela,
Quantos tons marinhos foram descobertos para esse tom de aquarela,
Por que tanto silêncio de alma tão tagarela.
Quantos eus seriam necessários para um oceano com meu sangue imundo,
Quantas lamúrias e hesitações preciso para afogar meu mundo,
Quantos pés em passos profundos,
A quem eu perco o ar e de amor eu me inundo.
Andando num oceano sem onde de tudo plano,
Seguindo todo e qualquer Divino plano,
Reluzindo todo astro que aparece nesse oceano,
Enquanto tenho meu crânio rachando.
Passei por mar de cabelos emaranhados,
Tentaram me manter amarrado,
Mas tudo que não é bom se dá por acabado,
Mas nenhum é teu loiro acastanhado.
Houveram lábios de vários tons,
Mas nenhum deles me faziam bons,
Nenhum me atiçava os dons,
Que falavam palavras que realmente preciso ouvir.
Houveram mãos que me tocavam com frieza,
Mas nenhuma que me segurou na fraqueza,
Nenhuma que me consolou na tristeza,
Somente as suas encontrei franqueza.
Haviam olhos que me pousavam em minha carne fraca,
Que me fizeram fechar-me em defesa calma,
Comigo sendo minha própria arma,
Você é a única que me olhou n'alma.
Única que me viu como homem em ser,
Que me fez por devolver,
Querer fazer crescer,
Desde então não tive vontade de morrer,
Agora houve entre nós esse oceano de astros,
O quanto nossa evolução nos sai a todos caros.
Nesse oceano há pontos de luz que a mim são,
Desamores,
Dores,
Cores,
Que me levaram de caminho até sua mão,
Passaram-se navalhas,
Pessoas canalhas,
Minhas próprias falhas,
Minhas falácias.
E agora vou de encontro como nunca fui anteriormente,
Pois eu preferi a realidade que mente,
Que minha mente fingia estar contente,
Mas agora é diferente.
De estrela em estrela fui pisando para lhe encontrar,
Para sua mão poder tomar,
Para ter vontade de mudar,
Poder finalmente me casar,
Rasgando todo meu interior,
Para poder lhe mostrar meu amor,
Que meu coração também há sangria,
Sangue puro, vermelho, pulsante em alegria,
Que ironia...
Tudo isso é o que eu pensei nunca ter,
Que eu nunca poderia ver,
Não poderia ser,
Mas agora posso ver,
Eu vejo.
E nesse rodopiar celestial,
De música supra angelical,
Que me faz movimentos leves em astral,
Trazem a magia de viver uma vida de modo sobrenatural,
Mas o movimento é tão natural,
Que até de sapato consigo sentir a água e pedra sabão,
Que me jazem motivação,
Para perpetuar a Deus essa canção.
Nessa noite de amor há um casal em eclipse eterno,
A vida de vestido e a morte de terno,
As estrelas do céu engolidas pela escuridão,
As super novas rasgando-o de mão em mão,
Ambos se matando em amor perpétuo.
Numa dança que olham-se com a morte do passado,
O nascimento do futuro abstrato,
É muito mais que um trato,
Eterno e divino contrato,
Mas Deus mesmo com a maravilha do teu universo,
Só presta atenção nesse mísero verso,
Pois a conduta era esperada de seus dispositivos de funcionamento,
Não de seus radicais que se procuravam belamente lento.
Acabou que seria nos que deveríamos buscar a maravilha de Deus,
Mas é Ele que não consegue parar de olhar para os seus,
Teceu,
Apareceu.
Esse oceano de astros são apenas sinalizadores,
Mostrando nossas conquistas e dores,
Nossos sentimentos e desamores,
Nossas maravilhas e horrores,
Nossos instrumentos e cantores,
Para nós acharmos nesse Jardim de mato crescido,
Que não deixa de ver nosso amor aparecido,
Se mantém desaparecido,
Mas nunca esquecido.
Sei que por mais ingrato eu posso ser,
Ele não deixou um minuto sequer de me fazer crescer,
Dês do dia deu nascer,
Até o dia que eu vou morrer,
Ambos sempre vou ter,
Esse oceano de astros não significa que nos afastamos não,
É sinônimo de aproximação,
Pois estamos nos aprendendo em progressão,
Presos a essa eterna canção,
A Flor e o Coração.
Pai me faz cantar,
Que por ver ela novamente fiquei sem ar,
Pai me faz querer lutar,
Que eu estou disposto a eternizar.