CHEIRO DE VINHO

E novamente o cheiro do vinho estava no ar,

A mão treinada no saca rolhas sem calejar,

Tantas taças que eu não sei contar,

Enquanto esperava por alguém que pudesse amar.

Enquanto esperava sua boca simpática,

Abria meus lábios ao álcool para me embriagar,

Mas o vinho não larguei, minha velha prática,

Que agora faço para comemorar.

Quantas bobagens tomei por veracidade,

Achando que era o fim da minha vida na tenra idade,

E não via que era apenas um louco a mais nas ruas de minha cidade,

Bebendo pelas vezes que feriram minha insana vaidade.

E agora já nem me reconheço,

Com aquele sequer me pareço,

Quando de frente ao espelho reflete por ti meu apreço,

E como sol depois da chuva de verão, as coisas de ontem esqueço.

E novamente o cheiro do vinho está no ar,

Que no sabor de sua boca simpática posso saborear,

E as bobagens com suas falsas verdades, não me afetam se eu não perguntar,

Porque agora, o meu ontem sequer reconheço, pois o meu foco é esse carinhoso amar.