As mães das ruas
Parabéns às mães das ruas!
Às que perderam o teto;
Àquelas que, em silêncio, perambulam pelos becos nuas.
Parabéns, princesas do deserto! Deserto da ausência de afeto;
Deserto físico e virtual...
Carregam no olhar a lembrança do lar, numa realidade inexistêncial.
Mães dos poetas medíocres e imbecis, feito eu!
Parabéns, mães meretrizes, que usam o corpo no trabalho árduo e nobre;
Abraçam os marginais do vale para amenizar a sociedade dos líquidos, infectos e podres;
E assim, reestabelecer o vínculo com o corpo do feto, numa noite sem lua sem lastro e sem teto.
Parabéns mães dos ateus, dos excluídos, dos condenados, dos torturadores, e torturados em especial, mães dos tarados, dos miseráveis que ferem o útero com lâminas e ejaculam num transe hediondo ( lama )em formato de esperma, como se fora homem.
Benditas sede vós, óh mães da ralé social, que amamentam esta horda de seres animalizados, para um dia, num processo reencarnatório, alcançarem numa outra gestação a leveza da semente que brota da terra e se abre em flor original para outro sol nascente!!!.