PERFUME
Há dias em que estou embebida em prazer...
E qualquer leve brisa levanta a minha pele em arrepio
Respiro fundo e reencontro o recente afeto.
Teu cheiro, depositado em meus poros,
Ainda transborda misturado ao meu suor.
Perfume!
Que fragrância produzimos no vai e vem dos nossos corpos?
Em óleo sagrado, untas-me os pés enquanto a tarde passa.
Deslizo o líquido no teu dorso,
Escrevendo com os dedos a nossa história,
Tortuosas linhas desenhadas no ócio em breve repouso,
Depois da última cavalgada.
Presença!
Meu corpo, teu mundo!
Meu mundo, teu corpo! Brinco com ele!
Entre maçãs, cerejas, uvas e caquis,
Nele me aninho no êxtase de viver
A um passo da tua entrega:
Paralelos, meridianos,
Todos em rota marcada a cada descoberta.
Uma mulher sussurra a verdade em teu ouvido. Escutas?
Por que não descansas esta noite?
Acende o teu fumo...
Esta tenda tem matéria para a tua obra
Recolhe, pois, a tua essência destilada.
Há dias em que me estou embebida em prazer...