MÃE - AMOR SEM PALAVRAS
Mesmo antes de se levantar
dos sonhos necessários,
de descer as escadas,
o seu jeito maternal
já acordava a casa
e a flor na janela
sorria inteira
lindas cores ao amanhecer
- Tome café, beba o suco
e leve a merenda!
- Fez a tarefa? Se não fez,
quando chegar, você vai ver!
E aquela voz que vinha de dentro
me acompanhava até o portão:
- Cuidado ao atravessar a rua!
E antes de ir à mesa
era ordem lavar as mãos,
comer tudo... feijão, salada,
carne e sobremesa de goiabada
E o mais gostoso do dia
iria acontecer
A turma na rua, jogar futebol
e o tempo vadio...
Mas antes tinha os reclames:
- Desarrume a mochila,
lave a vasilha da merenda
e pegue a sua agenda
- Faça as tarefas, uma por uma
e sem pressa
- Às três o lanche,
depois arrume os livros
e as atividades para amanhã
Entre as suas pernas me prendia
e com beijos
e algumas reclamações ela cortava
as minhas unhas
Ao final da tarde
vinha o cansaço
e o apelo ao banho bem tomado
com cabelo lavado
e depois a sua inspeção
E o amor disfarçado de cuidados
cumpria mais um dia
sem palavras como:
"eu te amo”
E à noite depois da leitura
exigida
vinha o ataque de cócegas
e a minha irmã se jogava
na minha cama
Ela também queria
Juntos gargalhávamos
e ao toque
e ao cheiro daquelas
mãos, dormíamos
O amor vestiu-se de cuidar
e me cuidou
Pintou com belas cores
o meu dia a dia
e na janela a linda flor!
Hoje já maduro
sigo altivo
Carrego sorrateiro
no duro cotidiano,
entre as alegrias e as incertezas,
as marcas de um amor verdadeiro
(Homenagem às mães! Mãe, mão que cuida e protege! Meu olhar especial para Charliene Oliveira, mulher guerreira e protetora!)