O Avesso Dela
Ela é tão minha e eu tão dela,
Como a tampa e a panela,
Igual o pão com mortadela.
A gente só quer se completar.
E se eu não fosse dela,
De mais quem seria?
Da garota da padaria?
Da amiga da minha tia?
E se ela não fosse minha,
Então seria de quem?
Seria de outro homem,
Ou de uma mulher também?
Ela gosta de uma balada,
Daquele rock da pesada,
Com bandana na cabeça
E vodka liberada.
Eu prefiro um cinema,
Ou a orla de Ipanema,
Ir para o campo descansar
E um suco pra refrescar.
Ela é a minha tormenta,
E eu sou a paz da moça,
Mas quando ela tira a roupa,
As coisas mudam de lugar.
Perco o foco e a sanidade,
Sou pura voracidade,
E ela ama se entregar.
Depois é paz, é sossego,
Porque ela adora um chamego,
E no meu peito é seu lugar.
Nosso beijo se encaixa,
Nosso corpo se completa,
Eu sou bobo e ela esperta
E sabe me encantar.
Eu sou ela do avesso,
Mas nosso amor tem endereço
E cama quente pra deitar.
Eu sou flor e ela espinho,
Eu sou pedra e ela o caminho
Que eu sempre vou trilhar.
Walter Vieira da Rocha
05 de maio de 2019, às 22:00h.