Figuração
Não, meu bem
Não vês que estou entardecido;
Nu, sem vento, sem sorte ou norte
Eu sou um cais, e no entanto, o cais está vazio.
Meu bem, não acenda velas de meia noite por hoje
Não acenda cigarros de meio minuto, porque não há transa espetacular em ti, nem razão de ter em mim
O que há é abandono e saudade imanente.
Chopin, som fino, viagens em tons de violino e piano transcedental...
Repara, meu bem
Não voaram andorinhas ou pardais enfurecidos
pois os que voaram se libertaram sozinhos,
Na esperteza que as correntes estreitas não haviam de ter
Em vão, seremos todos nós piada
nas entrelinhas cinzas
posto que é cego o rosto e
ralo o topo
de quem não sabe respirar
ou
atuar.