CORAÇÃO DILACERADO

É como estivesse numa nau.

O mar agitado a meu redor,

as ondas bravas,

espumantes e além - o céu -

entrando mar adentro.

Não sei se vivi, se sonhei,

se chorei ..... Só sei que era eu,

dentro daquele castigo.

Quando levantei o olhar

a vi chorando na outra ponta da nau,

em grandes soluços

que a mim enfraqueciam.

Despida diante dos olhos

linda como nunca .....

Não conseguia ver-lhe os seios,

tampouco o ventre.

Seus cabelos curtos e bem penteados

não pareciam ser os mesmos.

Estavam esvoaçantes e longos

a cair-lhe pelo corpo.

De seus seios saiam gemidos

intermitentes ..... do olhar

um chamamento lançado a mim.

Do ventre, um arquejar

que entendia - ser a presença -

do meu amor, pela sua vida.

A distância que nos sucumbia,

sua voz clamava pra que eu

a aquecesse. Por amor de Deus !

Por quê tanto azar ?

De repente, o mar revolto

castiga a mim e manda

um vento infernal que me abala

e me faz delirar,

pra acordar logo em seguida,

molhado e em convulsa agonia, horrorizado,

com o coração dilacerado.

Do Manuscrito: Meu Pensamento. Rosas e Orvalho.

tabayara sol e sul
Enviado por tabayara sol e sul em 21/09/2007
Código do texto: T662863