CORAÇÃO DILACERADO
É como estivesse numa nau.
O mar agitado a meu redor,
as ondas bravas,
espumantes e além - o céu -
entrando mar adentro.
Não sei se vivi, se sonhei,
se chorei ..... Só sei que era eu,
dentro daquele castigo.
Quando levantei o olhar
a vi chorando na outra ponta da nau,
em grandes soluços
que a mim enfraqueciam.
Despida diante dos olhos
linda como nunca .....
Não conseguia ver-lhe os seios,
tampouco o ventre.
Seus cabelos curtos e bem penteados
não pareciam ser os mesmos.
Estavam esvoaçantes e longos
a cair-lhe pelo corpo.
De seus seios saiam gemidos
intermitentes ..... do olhar
um chamamento lançado a mim.
Do ventre, um arquejar
que entendia - ser a presença -
do meu amor, pela sua vida.
A distância que nos sucumbia,
sua voz clamava pra que eu
a aquecesse. Por amor de Deus !
Por quê tanto azar ?
De repente, o mar revolto
castiga a mim e manda
um vento infernal que me abala
e me faz delirar,
pra acordar logo em seguida,
molhado e em convulsa agonia, horrorizado,
com o coração dilacerado.
Do Manuscrito: Meu Pensamento. Rosas e Orvalho.