Hipócrita Divino VI: Interna Crisis, Aeterno Amore

Bato o sapatinho contra o concreto e asfalto,

O barulho que ecoa sobre as ruas vazias lembra de um salto,

Cada passo vira um salto,

Pois volto mais uma vez para casa frustrado,

Tento castigar meus pés andarilhos por culpa da sanidade,

Que mescla ódio e saudade,

Perguntando a Deus qual o preço de um amor de verdade.

Tudo me faz ir embora com gosto amargo de clemência,

Ir embora com raiva fingindo infinita demência,

Eu peço a ti Pai um pouco da sua paciência,

A minha por infinita que seja, está sendo sinônimo de insuficiência.

Nem a felicidade momentânea da acerola que catei foi efetiva,

Estou com a consciência ativa,

Parece uma rixa competitiva,

O que lhe impede ser totalmente afetiva?

Dentro daquele sorriso falta-lhe um canto de boca,

Da profunda risada seca cabe-lhe um cala a boca,

Por mais que lábios vão de encontro quando há sorriso,

Qual é a medida cabível para acabar com o internalizo?

Quando lhe passo o arrepio entre os cabelos do braço,

Qual é o espinho que lhe enfio em todo o meu abraço,

Qual o sentido que eu corto para ter-lhe em desamarro,

Como eu tiro essa cicatriz prateada que tanto lhe refaço.

Tu me levantas por aquela quem amor furiosamente,

Pela mesma me faz cair quando o recuo vem em mente,

É de um modo tão transparente,

Que parece que vou bater de cara com um vidro de repente,

E repete,

E se intromete,

E me mete a facada,

Até quando vou conseguir ver aquela alma recuada,

E ainda sim me fingir de mente calma,

Me acalma,

Ou me mata.

Odeio ter que olhar cabelos presos por gomas que não lhe convém,

Não gosto de ver mente cansada em poste na noite que vem,

É horrível ter olhos distantes e olhar para o além,

Ter toda essa presença em minha vida e enxergar ninguém,

Também,

Há de se falar da mão recuada contra o ombro,

Parece que nunca lhe desenterrei de seu escombro,

Tem certeza que só estou lidando com cicatrizes prateadas,

Ou estou fazendo novas nessas curvas desoladas?

Estou eu teu filho revivido fazendo zelo por aquilo que me confiastes?

Estou eu teu filho revivido cuidando por aquilo que primeiro amastes?

Se quer tanto um inteiro, por que me partes?

Meu joelho dobra mas não consigo me levantar,

Minha mão segura a outra que continua a ensanguentar,

Se tens tanta felicidade por que chora tanto ao orar?

O que eu posso fazer para você completamente me amar?

O que meu coração aperta minha boca não diz,

A minha boca que pede para ir embora meu corpo contradiz,

Não está em minha matriz,

Então me diz,

Me diz quem eu devo espancar para convencer que o passado não machuca,

Qual título devo abandonar para mostrar que sou de alma sua?

Quantos batimentos do coração devo acelerar para ter teu peito no meu,

Quantas comparações devem-se fazer para que seja concretizado que sou inteiramente seu?

O que meu deu,

O que me sucedeu,

O que se perdeu,

Quem sou eu?

Entrei numa crise de identidade que não me identifico fatalmente,

E de fatal mente me torno quem julguei desconhecido,

Achei-me para não a achar completamente,

Queria que fosse só um devaneio inequívoco.

Porque a chuva vem e não fico encharcado,

Me sinto tão quebrado,

Me racho e não é de rir,

Sinto-me cada vez a ruir,

Porque meu maior pensamento é se ela afastar,

Um dia poderá também partir,

A esperança é fazer o meu melhor para não lhe causar um corte profundo,

Não aguentaria ver sangrar meu próprio mundo.

O peso da minha cruz nunca esteve tão hercúleo,

Nunca estive tão melancólico,

Mas sou o Corvo Cerúleo,

Me sinto um acúleo,

Que se afoga na graça do óleo,

Em teus olhos vejo alguma esperança de reparo,

Vejo todo um mais breve preparo,

Mesmo que antes eu me acabo,

Mas é melhor do que dar cabo.

A maior certeza vem da minha crise em humanidade,

Qual o custo de amor pela minha insanidade?

Quem sou eu de verdade?

Vou poder morrer do lado dessa beldade?

São perguntas que não tenho respostas e muito menos via de discernimento,

Mas eu nunca devo esquecer meu juramento,

Mesmo que fique revoltado e ciumento,

Devo ser chicoteado sem nenhum pronunciamento,

E eu tento.

Pois nem um raio que me parta,

Nem uma lança estocada,

Um veneno mortal,

Um tiro fatal,

Enforcado no varal,

Atropelado no sinal,

Brutalmente assassinado,

Esquartejado,

Degolado,

Cauterizado,

Cremado,

Desgraçado,

Estripado,

Torturado.

Nenhuma morte diária me faz doer,

Igual a dor que meu coração vem a receber,

Por uma culpa que não fiz por merecer,

Então que eu venha a morrer,

E morrer,

Para um dia te merecer,

Não há morte mais dolorosa que minha cama sem você.

A areia ri enquanto cauterizo as penas em brasa,

Vejo escorrer minha benevolência em forma de graça,

Ando com tanto frio que me sinto em Frostbite,

A single soul alone in the night.

Deus me segura tanto que me sinto marionete em teatro repetido,

Tantas vezes a corda estoura mas contínuo é o malabarismo,

Até mesmo sem corda faz-lhe o show do contido,

Quase um próprio canibalismo,

Eu me devoro em perguntas que nem deveriam ser concretas,

Sinto-me portão de castelo cheio de setas,

Nesse ramal de rosas que me espetas.

Faço o meu melhor para superar e pisar na garganta da vida inimiga,

Que tenta me afastar da minha melhor amiga,

Nesse teor de brumas do enigmático,

Me fazendo peão do pragmático.

Andei e arranquei unhas para subir até meu monte,

Tive farpas nos pés para atravessar pontes,

Fui ao chão para mentirosos condes,

Para sentir a água solitária de sua fonte,

Fonte que me traz sede de cada vez mais sua pessoa,

Desejo que em mim ecoa,

Dos quatro cantos de toda a criação,

Que se faça nosso suco, nossa união.

Nunca desistirei do sonho de ter-lhe como companheira,

Nessa vida de incerteza corriqueira,

Você é quem eu mais queira,

Queira quem for nunca me terá,

Pois só há um coração que posso chamar de lar,

Só há uma alma que posso chamar de par,

Só há uma boca que me faça calar,

Só há tu a quem eu possa amar,

Custe o que custar,

É com você que eu quero casar,

O medo deve ir embora de onde haja luz,

Nesse nosso matrimônio que reluz,

Desse nosso amor que diariamente vos seduz,

Carreguemos juntos nossa cruz,

Bendito seremos ao entrar,

Bendito seremos ao cantar,

Bendito também seremos ao sair,

Bendito também seremos quando vos ir,

Pois nosso maior ato revolucionário,

Será deixar amor a esse mundo carcerário.

Todos verão o amor que lhe proponho em vida carnal,

Mas ninguém saberá do nosso amor imortal,

Mais fundo que o mar abissal,

Mais alto que o desconhecido universal,

Mais longo que qualquer orquestra celestial,

Mais longe que a visão horizontal,

Mais forte que qualquer ser bestial,

Será proporção desconhecida,

Mas enquanto em vida não deixarei minha teimosia por ti ser esquecida.

Casa comigo,

Teu melhor amigo,

Aceita minha aliança,

Que lhe trago amor em abundância,

Vive em minha comunhão,

Dedicar-te-ia essa canção,

Seja minha companheira,

Serei teu a vida inteira.

Não há,

Não haverá,

Nunca terá,

Mesmo que eu reencarnar,

Em todas as minhas vidas eu só quero te amar.

Porque a ti Sarah Galiza Saraiva,

Tira de toda minha alma a raiva,

Teu sorriso sempre foi prerrogativa,

E eu amo o jeito que é coercitiva.

Quero de ti descendente,

Fazer sorriso crescente,

Cansei do título de namorados entre a gente,

Já está na hora de ser minha nubente.

Eu te amo muito,

Obrigado por tudo,

De seu mundo,

Para meu mundo.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 18/04/2019
Código do texto: T6626380
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