ANOITECE, VENHA ...

Sei de ter de ser

O forte

Ante toda essa falta

De sorte ...

Mas tragas luz, anoitece,

Corujas piam, fantasmas espiam,

Lembranças se vingam,

Tintas secam, quadro perece.

O vento sopra e cobras ciciam

Que os dias agora singram.

Traga-me o calor do corpo,

Tragarei o calor que tenho,

Talvez registre em desenho

Que nosso amar fez-se sopro.

Venha logo, o corpo padece,

Minh'alma entristece

E por um triz não me abandona -

Ela é atriz, necessita de palco

E o que me oferece é bem pouco,

Enquanto toda a aldeia ressona.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 15/04/2019
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