Ventre da Lua
O céu noturno em manto vasto encobre minha existência
Transformando-me em grão de pó.
A Lua cheia de prata e mistério mergulha em minha retina expandindo a esfera da
Consciência trazendo lembranças profundas, desfazendo a membrana sensível que as Encobre,
Desenterrando passado,
Tomando forma e realidade arrebatando-me dali com impetuosidade.
Uma taça cristalina entre feixes de Gelo e Luar é transmutada em minha frente.
Meu amor em trajes de escuridão e prata
Me entrega a taça.
O liquido espesso cintila... deixo cair em meus lábios...
O gosto do primeiro gole não é bom, sangue quente, tinta densa, carne crua, mas quando Engulo... sinto vida dentro de mim. Sinto milhares de fios espalhando-se no meu peito como Dedos de fogo chegando ao meu coração enrolando-se como serpentes ardentes.
Na língua fica um sabor surreal de romãs do oriente, mel, creme, damasco e sêmen de um Amor único.
Um gosto como ouro derretido em lago, ferro derretido em gelo, flores selvagens batidas em Azeite.
Todos os sabores em segundos e nanosegundos e de repente o vazio da taça.
Meu amor em trajes de escuridão e prata com olhos felinos me observa embriagado de paixão.
Um beijo singelo, caricias e mãos que me apertam duvidando da existência do meu corpo.
Mãos que me cobrem como preciosidade dos deuses,
Joia da Lua.
Olhos se fecham debaixo da manta aveludada em noite profunda de verão.
A escuridão cela em calor os corpos
Engolindo essas lembranças para sempre
Recolhendo-se para o ventre da Lua,
Adormecendo Dragões.
Reduzindo pouco a pouco a esfera das lembranças se transforma em pó
A metafisica faz seu trabalho e a recolhe para baixo da cama
A bagunça da alma, a desordem do coração cada uma das lembranças em noite de Lua Cheia.