AMOR MADURO

Um amor maduro tem a serenidade da montanha.

Suas garras não metem mais medo, seus olhos não desvendam novos

domínios adversos.

Amor maduro tem o bagaço do tempo construído sol após sol,

suor após suor, ruga após ruga.

É dádiva justa e merecida pra quem não fugiu da raia,

pra quem desbravou terrenos infestados de ciladas.

pra quem fez Deus sorrir como bebê diante do seio pronto pra servir.

Amor maduro não tem eco, não tem dublê, não tem fórmula.

Amor maduro traduz o que coração sente e cala, traduz as chicotadas

da indiferença, traduz os rasgos dos ímpetos não domados.

Quem disseca seus recantos encontra néctares maravilhosos.

Quem experimenta seu dorso renasce infinitas vezes.

O amor maduro escolhe quem segura suas rédeas,

escolhe quem vai navegar na sua luz,

escolhe quem vai saborear seus cheiros raros.

O amor maduro perdoa palavras duras, perdoa intenções de mal querer, perdoa passos tortos.

Perdoa, mas nunca esquece.

Muitos chegam ao fim da linha sem experimentar os gomos que

só ele traz.

Muitos passam por esse chão sem o privilégio de untar sua alma

nesse gozo todo peculiar.

Muitos terão que reencarnar infinitas vezes até serem ungidos

com seu manto sagrado.

Dedicado à minha esposa Quézia, meu amor que precisou de 27 anos pra amadurecer.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 31/03/2019
Reeditado em 31/03/2019
Código do texto: T6611734
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