OUTRO POEMA DE AMOR

Outro poema diário de amor?

Pela manhã os versos

surgirão de frases maternas

e seu doce início será:

“Não procure muito longe!

Penteie o cabelo!

Não saia sem lavar o rosto!

O rosto lavado traz a força

para encararmos qualquer desgosto”.

Outro poema diário de amor?

“O primeiro amor a gente jamais esquece,

ele nos diz que tudo acontece:

a torção do seu pé no declive da calçada,

a falha na declaração para a sua amada”.

Outro poema diário de amor

que traga certas questões:

“Por que tudo ocorreu assim,

agora e não antes

e com cada um de nós?

Por que neste espelho,

deparo-me com tua imagem refletida?

Por que entre tantos viajantes,

nesta expedição chamada vida,

apertei certas mãos?

Por que no meio da exploração encontrei você?

Trocamos oferendas,

tínhamos a mesma língua...

mas caso tu seguisses em frente,

certamente toparia com outro selvagem,

um primitivo diferente,

não a mim, meu amor”.

Outro poema diário de amor?

No poema acima,

o eu-lírico já surgiu compassivamente.

Do livro: NOVA MECÂNICA

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 29/03/2019
Reeditado em 30/03/2024
Código do texto: T6610160
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