A PROCURA DE UM OLHAR
Sei que tantos olhares
perambulam pela noite infinda;
por que tantos outros adormecem,
se o meu te procura ainda?
A procura desse olhar
é como um pequeno gesto;
e se tenho tudo isso,
para que me serve o resto?
Será que é mesmo necessário,
que eu o encontre enfim,
já que procuro tanto por ele,
e ele não se acerca de mim?
A essa procura me dedico,
como a um sonho desgarrado,
prefiro essa suavidade morna,
a um gesto mais brusco, descontrolado.
Sei que esse gesto espontâneo,
não deve penetrar num olhar,
sem que a pessoa admita,
como a suavidade do sonhar.
Sabe-se que essas procuras
vão aos poucos desvanecendo,
como se as agruras tantas
suavizassem com o dia anoitecendo.