O CHÃO NÃO TEM DONO

O que constróem as guerras?

O que destróem as guerras?

Vidas, o meio ambiente,

as economias, a flora e fauna,

ou todo espírito humano?

Corpos mutilados, sonhos por terra,

sentimentos de ódio, amor carente,

e todo o despertar da ira.

Se vermos exato nada constróem,

apenas um amontoado de feras humanas,

quase bestiais à procura de razões inexistentes.

Cada um se sentindo dono

de algum pedaço de chão,

ou do céu, ou do mar,

ou de tudo ao mesmo tempo.

Mas sabemos que de nada são donos,

apenas inquilinos de um lugar

que não pertence a ninguém,

nem ao tempo.

Era necessário um criar eterno,

não essa queda bestial de se aniquilar

povos e crenças, e culturas,

já que viver vale mais do que qualquer

outro sonho, o de não se perdoar,

amar-se quase ao som de melodias,

que nada se assemelham às bazucas

e seus estrondos horripilantes.

Eu quero o sonho, já que nele a paz é possível

e as desavenças se diluem em poucas horas,

visto que o sono é quase efêmero.

Amar é um lema, odiar é apenas um tema,

não descuidemos dos ideais tão apregoados

pelos anos afora.

O mais importante é ver flores,

aspirar aromas, ares respiráveis;

ver crianças em suas brincadeiras,

jovens repletos de esperanças;

jovens mães ansiando o filho,

ou mimando-o no seu enlevo;

ouvir pássaros e seus cantos tão castos,

que só assim, em meio ao sonho,

viver torna-se possível,

morrer talvez, mas ao sabor do tempo,

enquanto se aprende amar e viver.