Vivo, em ti primeiro
As curvas do teu corpo lembram mansos rios,
de cujo denso sangue bebem meus delírios
umedecendo, assim, um par de lábios secos.
Pois o prazer que sentem, sinto nos meus dedos.
As curvas do teu corpo são meus negros becos,
onde me perco, à noite, a tatuar no escuro.
É nelas que se eriça a flora dos teus pêlos
arrepiando a pele em redobrados zelos
até que, enfim, me dás o que afinal procuro.
Então, as tuas coxas são como um braseiro.
E nelas queimo as minhas, me fazendo inteiro
na comunhão que, sei, encerra meu destino.
Pois essa pele encerra a alma a que me afino.
Meu coração só bate ouvindo o teu primeiro.
(Djalma Silveira)