Amantes
E de toda impureza de nossos passos,
Nasce a perfeição que nos une.
Como água e azeite de oliva,
Sem a ilusão de permissivos laços,
Temperamos nosso tempo,
Sôfrego de Devastada solidão.
Enlaço a ti e entre minhas pernas,
Tento lhe oferecer morada sagrada, convento.
Mas, como em um corpo só,
Sinto-te em mim, como uma galáxia em movimento,
Em um sentimento lento, que transcende o próprio tempo
Permite-me, que abaixo das estrelas,
Sentindo-me como se fosse mais leve que o vento,
Liberta e cativa me deixe adentrar em seu “eu” nada sereno.
E por instantes, sendo só eu o seu pensamento,
Bebo em sua boca minha sede,
E deleito-me em seu gosto, saciando minha fome,
E deito sobre ti meu medo de mais uma vez, ser a última vez.
E acordo em ver-te, ansioso a espera do toque, que se espera um dia poder ser sem hora.
E mergulho aguçada em ti, querendo fazer-te tão meu, que me esqueça onde começo eu.
E que sejas meu ar, até esse tempo acabar,
E que seja eu seu colo, seu ninho e sua algoz.
Doce, louca, devassa ou só uma paixão.
Que renasça o seu tempo em mim, e mesmo de longe, nunca deixaremos de cuidar do tempo em que somos só nós.