VENENO DA MORTE
Se vivo estava, enterrado estou
Pedras ruíram e nada ficou
Sou folha que vaga sem rumo e perdida
Assim estou eu, sofrendo e sem vida
Na estrada deserta, inóspita e sofrida
Do coração de quem sofre, sem alma e sem vida
Falésias se abriram e em crateras ficou
O castelo que eu tinha só os entulhos restou
Cuspistes veneno e a mim tu matou
Veneno da morte chamado de amor
Artérias romperam e meu sangue jorrou
Coração aberto, sangrando estou
Sarcófago da vida; têmpera da dor
Assim é a vida de quem morre de amor
Fizestes de mim uma alma penada
Que, perambulando nas ruas ficava
Buscando te vê em meio ao nada
A visão distorcida e, eu nada encontrava
Coração deserto, alma flagelada
Gritando teu nome, em vão eu gritava
Tempos passaram e em penhascos pisei
Enfim, te encontro no deserto outra vez
Nas crateras abertas que também te lancei
Tuas artérias romperam e não me vinguei
Mas foi o destino, vingança eu não sei
Foi à natureza que quis outra vez
Trazer-te de volta com altivez
Meu amor, minha vida, foi o destino que fez
E aqui estamos nós, nos amando outra vez