Quem me dera! Outra vez!

Quem me dera ser o alento da tua saudade;

Quem me dera ser a tua paz, ser a passagem escondida para o teu refúgio mais secreto;

Quem me dera, bem guardado em teu peito, ser teu maior segredo;

Quem me dera, com a graça de Deus, ser teu maior afeto.

Quem me dera ser teu anjo querubim;

Quem me dera ser tua vontade louca de amar;

Quem me dera, outra vez, ser todo teu, com a bênção de Deus, até o fim;

Quem me dera, outra vez, poder te abraçar.

Quem me dera ser tua doce lembrança;

Quem me dera, à tardinha, você toda minha, de mãos dadas pelas ruas;

Quem me dera a doçura do teu primeiro amor, quando ainda criança;

Quem me dera, por Deus, não mais viver das lembranças tuas.

Quem me dera, enfim, deixar de te amar, para não mais sofrer;

Quem me dera, enfim, dizer-te: não preciso mais te respirar;

Quem me dera encerrar estas buscas em mim, loucas buscas, por lembranças tuas;

Quem me dera não mais viver esta loucura, quem me dera, por Deus, voltar a sonhar.

Marcos Cavalcanti

Cavalcanti
Enviado por Cavalcanti em 18/09/2007
Reeditado em 20/11/2008
Código do texto: T657973