O Meu Homem - último poema
Meu Homem era forte,
era macho, se sabia e
não me dominava,
dobrava-me, somente,
e fazia-me cálice
para sorver em mim
ocultos desejos.
Meu Homem era rico,
era de muitas artes
orientava-se com as estrelas
e nunca perdia o caminho.
Meu Homem era dele
não se defendia e nem atacava,
ornava-me de muitos colares
e fazia-me princesa perolada.
Meu Homem era de hoje,
nem de ontens ou amanhãs.
Era de noites, era de luas, e,
nas ruas cuidava-me os passos,
quando eu lhe desejava o desejo
de me ter enquanto eu dormia,
nua e pura, sua e puta.
Meu Homem me conhecia
e me dava sabor aos beijos
com um me cingia a testa
com outro me invadia o imo.
Meu Homem nunca foi meu
e nisso o tinha só para mim,
não me pedia nem impedia,
nem nos negava os desejos
e eu pensava ter um homem.