CORTINA DE FLORES
Jogado, estava num canto
do ambiente, tal qual um pano
sujo, o tempo que há tempos
idos teria sido florido e novo!
Ao pega-lo percebi que era
pesado e escuro aquele tempo
de agora ali abandonado
e com calma juntei-o em trocha
carregando com dificuldade
aquele monte de tempo passado!
A ensaboa-lo estive
e esfregando aquelas manchas
de tristeza fui renovando
o tempo em minhas mãos!
Boquiaberta reparei que horas
tristes escorriam escuras
ao torcer o tempo,
gotas sofridas pingavam
ao chão e por fim gotículas
espaçadas de angústia ainda
continha o tempo!
Por fim, depois de muitos
enxagues nas águas calmas
do rio, estava novamente limpo
aquele tempo, que depois de seco
e novamente florido, usei
como cortina das janelas de minha
alma que há tanto tempo não floria!
Eugênia L.Gaio