A CABANA DA ANA DE NEVE
Nos imos daquela cabana,
com um porta-penas na mão,
me punha a tecer um poema,
da mui decorosa canção;
Lembrando da Ana de Neve,
formosa de pele caucásia,
dos róseos lábios carnudos,
dos olhos cor de tanásia;
Lembrando dos vastos cabelos,
caídos na negra cascata,
do rosto tenro e singelo,
vistoso e de graça nata;
Os gestos da nobre donzela,
de amor condolente em ação,
desvelava a benevolência,
do avultado coração;
A serenidade da dama,
de trato raro e cortês,
fazia pensar no repente,
de um suntuoso talvez;
Talvez a gente se visse,
e deveras sempre se amasse,
talvez a gente se unisse,
e juntos deveras ficasse;
Deleitei-me na ternura,
do timbre angelical,
no belo canto da ninfa,
que não me anceiava mal;
Deleitado na candura,
de um sensato coração,
mergulhei na nostalgia,
do sonho recordação;
A donzela era graça,
graciosa de se ver,
a donzela era graça,
de engraçada a valer;
Evoquei-me nas lisuras,
da dama subliminar,
cada gesto inconsciente,
conduzindo-me a amar;
Acordei-me deste transe,
estava só na solidão,
nos imos de uma cabana,
com um porta-penas na mão!