REVOLTA

Por que vieste em tempos tão remotos aprisionar meu coração?

Em cada aparição doce mistério me injetava teu veneno

Quando o sereno batizava o alvorecer te pressenti em minha pulsação

Na pós infância com inspiração eu vi o teu sorrir fazer-me aceno!

Por que surgiste se nem sequer me aparecias?

Eu nada fiz pra que meus dias fossem casulo a te refugiar eterna

Aprisionado à caverna de onde gritavas e após fugias

Nas múltiplas agonias da estrada que ainda te aponta e não me leva!

Sem vácuos nem hiatos, sem chance de amar alguém além de ti

Nunca te vi, porém de todas sempre foste a mais real

Me deste vida tão fatal, me acordavas sempre que adormeci

Mas nunca te reconheci nos braços que pensei haver o teu sinal!

Até que a tua forma e teu aroma simplesmente apareceram

Agora que os impossíveis me prenderam, e o que se foi já não tem volta

Por que reabriste a porta se teus quereres não me elegeram?

Meus pesadelos rejuvenesceram e me açoitam com amor e revolta!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 07/02/2019
Reeditado em 07/02/2019
Código do texto: T6568888
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