REVOLTA
Por que vieste em tempos tão remotos aprisionar meu coração?
Em cada aparição doce mistério me injetava teu veneno
Quando o sereno batizava o alvorecer te pressenti em minha pulsação
Na pós infância com inspiração eu vi o teu sorrir fazer-me aceno!
Por que surgiste se nem sequer me aparecias?
Eu nada fiz pra que meus dias fossem casulo a te refugiar eterna
Aprisionado à caverna de onde gritavas e após fugias
Nas múltiplas agonias da estrada que ainda te aponta e não me leva!
Sem vácuos nem hiatos, sem chance de amar alguém além de ti
Nunca te vi, porém de todas sempre foste a mais real
Me deste vida tão fatal, me acordavas sempre que adormeci
Mas nunca te reconheci nos braços que pensei haver o teu sinal!
Até que a tua forma e teu aroma simplesmente apareceram
Agora que os impossíveis me prenderam, e o que se foi já não tem volta
Por que reabriste a porta se teus quereres não me elegeram?
Meus pesadelos rejuvenesceram e me açoitam com amor e revolta!