Meu Pai
Nasci de um homem rubro.
Tempo em que pai não podia oferecer
Para descansar ao filho, o ombro.
Ser homem custava caro aos sentimentos.
Naquele tempo não se falava muito em ser,
Mas os valores reforçavam o envelhecer.
Carregava um coração essencialmente humano
E pensamento assim, pois também.
Nem um pouco leviano.
Aprendi ser forte e tolerante
Em piadas inocentes,
Tentava entreter o visitante.
Não era seu melhor talento.
Gostava mesmo era de andar ao vento
Pelos pastos e várzeas em um cavalo lento.
Sem pressa, sem previsão de futuro.
Cada dia era um dia, cada dia um trabalho duro.
Assim eu ia vendo, meu pai subindo, descendo,
Ordenando, trabalhando, a Deus obedecendo.
Sorrindo, bravo muitas das vezes, sua família ia criando.
Saudades me lembram, gostaria de tê-lo podido,
Falar mais das coisas indizíveis que um filho sente
Quando olha para um Pai.
Algo assim de maravilhoso, que sem conhecer aquele homem,
Sabemos que ele é um mágico, que pode tudo, que tem poder pra tudo.
Sabemos que se ele não é Deus deve ser bem parecido com Ele.