AMOR DE MERCADO

Estava tranquilo em meu quarto,

Embora o Sol quisesse me sucumbir.

Ele não tem esquecido de ninguém,

Ultimamente nem pensa em sumir.

Minha mãe chega na porta

E me pede pra leva-la ao mercado,

Não tinha nada pra fazer mesmo

Então aceitei de bom grado.

"Como assim?" pensou ela,

Pois nem precisou implorar.

Eu pra sair daquele quarto,

Deus deve ter ouvido ela orar.

Entramos no carro,

Que calor meu Senhor!

Carro fechado nesse tempo

Quando aberto é um horror.

O mercado não é longe

Apenas 15 minutos de estrada,

Não demorou, logo chegamos

"Ânimo Marcelo, até que enfim saiu de casa!"

Nas compras estava pensativo

Minha mãe apenas me olhava.

Me sentia estranho e aéreo

Quando ela me falara:

"Meu filho, acorde.

Não vê o quanto se isolou?

O seu corpo saiu do quarto,

Mas sua mente nele ficou"

Quando ela falou isso, pensei:

Havia mesmo me afastado

Do mundo, de tudo...

Algo precisava ser mudado.

Ainda aéreo esbarrei em algo,

Era o carrinho de alguém

Bem falante pelo visto,

Então pra ela eu olhei

"Me perdoe" ela me disse,

Eu simplesmente nada falei.

Não porque não quisesse,

Mas porque paralisado fiquei.

Ela era linda,

Estava num vestido florido.

Na sua mão algo que eu amava,

Era café meu amigo.

Falava muitas coisas por vergonha,

Corou ao ver que apenas a olhava.

Cadê minha mãe nesse momento?

Claro, ela me deixara.

Ela era meiga e diferente,

Tinha brilho em seu olhar.

Não existe um alguém perfeito,

Mas ela me fez nisso acreditar.

Foi então que eu falei:

"Não se preocupe, está tudo bem".

Ainda envergonhada despediu-se,

E embora eu a vi ir também.

O que aconteceu aqui?

É loucura isso eu sei.

Não sei quem era ela,

Só sei que me apaixonei.

Minha mãe do nada volta,

Nada tinha declarar.

Muito obrigado por isso,

Eu também nada tenho a falar.

Fomos embora e não a vi mais,

Talvez tivesse tudo pegado.

Passou no caixa e foi embora,

Ou eu lá tenha a deixado.

Sim isso é loucura,

Nosso encontro foi curto

Para estar realmente certo,

Durou apenas alguns segundos.

Só sei que naquele momento

Senti o que ja havia me esquecido,

Sai da caixa do medo

E pude então sentir um alívio.

Há muito tempo me tranquei

E nunca mais deixei que entrassem,

Mas ela sem esforço algum

Fez com que, por um instante, a porta eu destrancasse.

Não sei quem era ela,

Nem se tinha namorado.

Muito menos sei seu nome,

Mas queria estar ao seu lado.

Voltei pra casa diferente,

Dessa vez não queria ficar sozinho.

Descobri que sair não me mataria,

E que havia gente precisando do velho amigo.

As vezes ainda volto lá,

Com ou sem minha mãe do lado.

Quem sabe um dia eu reencontre,

O meu amor de mercado.

Menina dos Rabiscos
Enviado por Menina dos Rabiscos em 02/02/2019
Reeditado em 06/02/2019
Código do texto: T6565697
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