ENALTECIDA
Que aqui se diga em plenitude o que tu és ou que se faça um respeitoso silêncio
Pois lavro a exatidão do que eu penso: tu és sagrada como aurora debutante
Estás no brilho e no valor do diamante, também na face do deslumbre mais extenso;
Como a loucura estampada no bom senso, como a penumbra de efeito radiante!
Eu lavo sete vezes os lábios meus antes de pronunciar-te
Porque teu ser remete a própria arte e a tua estatura alcança o intraduzível
É qual querer pintar o indescritível com tintas de fascínio a pincelar-te
É ver o sol por toda parte – até no anoitecer do duvidar mais crível!
É me inundar de amor e paixão a cada visitação pelos teus cachos negros lindos
Nesses puxados olhos de encantos tão infindos ou nessa pele tão morena como a tarde
Pois quando o peito faz alarde, já sei que seus sorrisos me são vindos
Tornando o homem que sou em mil meninos, me invadindo com um gelo que arde!
Porque te disse o que aqui vou repetir: tu és o verdadeiro exagero que avisto
E ainda insisto: seguramente Deus não quis poupar matéria prima em teu desenho
Te fez com tanta inspiração e tanto empenho, que deu ao mundo encanto jamais visto
E foi além de tudo quanto aqui alisto ao ponto de chegar à tradução que não detenho!
Por isso tantas vezes minha voz se associa à mudez, e a prudência perde o tino
O tilintar de um sino me informa todo dia que vou te amar ainda mais até o anoitecer
É como lava a percorrer as vicinais de um vale estreito e fino
Tu és a minha poesia e o meu hino – razão porque não posso não te enaltecer!