ENALTECIDA

Que aqui se diga em plenitude o que tu és ou que se faça um respeitoso silêncio

Pois lavro a exatidão do que eu penso: tu és sagrada como aurora debutante

Estás no brilho e no valor do diamante, também na face do deslumbre mais extenso;

Como a loucura estampada no bom senso, como a penumbra de efeito radiante!

Eu lavo sete vezes os lábios meus antes de pronunciar-te

Porque teu ser remete a própria arte e a tua estatura alcança o intraduzível

É qual querer pintar o indescritível com tintas de fascínio a pincelar-te

É ver o sol por toda parte – até no anoitecer do duvidar mais crível!

É me inundar de amor e paixão a cada visitação pelos teus cachos negros lindos

Nesses puxados olhos de encantos tão infindos ou nessa pele tão morena como a tarde

Pois quando o peito faz alarde, já sei que seus sorrisos me são vindos

Tornando o homem que sou em mil meninos, me invadindo com um gelo que arde!

Porque te disse o que aqui vou repetir: tu és o verdadeiro exagero que avisto

E ainda insisto: seguramente Deus não quis poupar matéria prima em teu desenho

Te fez com tanta inspiração e tanto empenho, que deu ao mundo encanto jamais visto

E foi além de tudo quanto aqui alisto ao ponto de chegar à tradução que não detenho!

Por isso tantas vezes minha voz se associa à mudez, e a prudência perde o tino

O tilintar de um sino me informa todo dia que vou te amar ainda mais até o anoitecer

É como lava a percorrer as vicinais de um vale estreito e fino

Tu és a minha poesia e o meu hino – razão porque não posso não te enaltecer!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 02/02/2019
Código do texto: T6565313
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