NOITE a AMIGA

Os lábios do silêncio murmuram as canções da natureza perpetuando a raça.

Crescem flores no lago dos sonhos, afagados pelas mãos estendidas da

ânsia, humana como o desejo, mecânica como a moral.

Noites são noites apenas no ritmo dilacerado e constante dos passos,

que as fugas, mais que obrigações, disparam no escuro do pensamento.

Não se espante, faces metálicas e raivosas nada significam, o que

permanece na máscara bravia do rosto abandonado é o desencanto e o

pessimismo, morta a face da juventude rolando em uma estrada sem rumo.

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Sobrevivente de catástrofes, ele faz da noite a amiga que não teve na

mulher. As flores são as palavras que não mais consegue pronunciar, e

o cavalo da chegada - solidão relampejante.

Permanecerá isolado ou abrirá as portas do jardins fantasmas, pouco

importa, vive o inferno na dúvida quando ama, sangra chamas no olhar

sob o amor. Está louco, dizem, mas que importa?

Pela mulher o amor adquire a instantânea cor do desconhecido. As

rosas que te são dedicadas têm a sonoridade das aves futuras, delas

farei outra forma de música, pois descrever-te é tarefa para quem

domina juntas a magia e a arquitetura das estrelas