NOITE a AMIGA
Os lábios do silêncio murmuram as canções da natureza perpetuando a raça.
Crescem flores no lago dos sonhos, afagados pelas mãos estendidas da
ânsia, humana como o desejo, mecânica como a moral.
Noites são noites apenas no ritmo dilacerado e constante dos passos,
que as fugas, mais que obrigações, disparam no escuro do pensamento.
Não se espante, faces metálicas e raivosas nada significam, o que
permanece na máscara bravia do rosto abandonado é o desencanto e o
pessimismo, morta a face da juventude rolando em uma estrada sem rumo.
2
Sobrevivente de catástrofes, ele faz da noite a amiga que não teve na
mulher. As flores são as palavras que não mais consegue pronunciar, e
o cavalo da chegada - solidão relampejante.
Permanecerá isolado ou abrirá as portas do jardins fantasmas, pouco
importa, vive o inferno na dúvida quando ama, sangra chamas no olhar
sob o amor. Está louco, dizem, mas que importa?
Pela mulher o amor adquire a instantânea cor do desconhecido. As
rosas que te são dedicadas têm a sonoridade das aves futuras, delas
farei outra forma de música, pois descrever-te é tarefa para quem
domina juntas a magia e a arquitetura das estrelas