fugas

o mês se acaba como a última tragada
do último cigarro
e eu penso nisso olhando o céu estrelado
tendo meu cachorro ao meu lado
observando a rua deserta.
e não há nada de poético nisso,
assim igual a dor que carrego
dentro de meu peito.
suspiro mais uma vez antes de deitar
esperando o sol me acordar
no último parágrafo da noite.
as palavras que jamais soltei
incomodam
tal qual as lágrimas implorando
pela liberdade.
senhor, você deveria se importar mais.
senhor, você deveria sentir mais.
canções o esperam para serem tocadas.
vamos, a inocência suplica.
então abra o armário,
pois seus sonhos estão
lhe esperando.
vista o melhor de si,
há mais noites como essa,
de prazeres solitários
e verbos não praticados.
há mais noites como essa,
de palavras esfumaçadas
e estômagos vazios.

assim nós seguimos:
temendo o abandono
aceitando o fim da dança,
sem ninguém a nos dizer
que
a luz no fim do túnel
pode ser um resquício
de esperança.
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 31/01/2019
Código do texto: T6564002
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