Mulher do poeta
Quem és tu que tens pena de um homem solitário como eu?
Como podes ter tal sentimento diante de um homem que quer apenas [amar-te?
Quero de todo o mal proteger-te
E contigo compartilhar conquistas e sonhos meus.
Mas se tu não me queres,
Então não me repeles com teu sorriso de deboche.
Dá-me uma esperança de sentir o golpe
Que nós homens sentimos ao sabermos que não somos amados pelas [nossas mulheres.
Não quero ver-te abraçada a outro homem,
Senão morrerás para mim por inteira.
Já te vi em parte sentindo o prazer de me magoar na cara,
Mas há muitas mulheres para ver neste mundo onde nem todos os [homens perdem.
Deixe-me ver teu rosto,
Mas ele muda conforme a dança,
Onde o par formado pela mulher que encanta,
Resulta num homem que perdeu uma mulher e deseja jamais ter o seu [corpo.
Tuas formas sedutoras me encantam, mulher,
Cujo nome já não sei mais.
Sinto náuseas quando dele a mão vejo teu corpo varrer
E confundo-te com tantas outras que, desejo, ser tu não vais.
Então procuro-te nos rostos de cada mulher,
Tentando decifrar-te o rosto,
Mas sempre tu mudas de corpo,
Deve, por tu trair-me, ser.
Então envergonho mais uma vez o poeta que há dentro de mim.
Mais uma vez escrevo uma poesia incompleta
Para terminá-la
Quando eu te encontrar e a multiplicidade de minhas mulheres chegar [ao fim.
H. P. Simões
Obs.: O eu-lírico expressou a sua necessidade de ser amado e a sua perturbação por não ser amado pelas mulheres desejadas.