AUSÊNCIA

Subi ao alto do mais alto monte,

Do monte mais alto que havia.

Olhei toda à volta o horizonte

Para se ver se te encontrava, se te via.

Não te vi. Voltei no outro dia.

Subi o monte pelo outro lado,

Na esperança que já me corroía,

Com consciência e desejo controlado.

Voltaste a não aparecer.

Que terá acontecido? Desesperei.

Tua ausência me fez sofrer

Tanto tanto, meus olhos não controlei.

Os olhos, os meus, já adivinharam

A ausência que há-de vir,

Deram sinal, lacrimejaram,

Para não mais voltarem a sorrir.

Tua ausência me mata,

Mata-me a tua ausência.

Não mais o perfume dos teus cabelos,

Não mais o prurido da tua mão,

Não mais a magia dos teus dedos,

Não mais, não mais, não mais não.

Tua ausência me mata.

Mata-me a tua ausência.