Palavras não ditas
Mãos suadas, boca seca,
Olhar mareado, palavras trôpegas
E sem ação eu fico,
O frio percorre a espinha,
caminha até o estômago
Arrepia todo meu corpo.
O chão foge dos meus pés,
O tempo não é concreto
Quando estou contigo.
Minhas palavras não saem,
Minha boca se cala,
Quando quer poemas declamar,
E esse amor cantar
Minhas confianças me traem,
E diante de ti, apenas sou tímida menina,
Que nada sabe da vida,
Abismada diante do paladino
Com sua justa espada destemida..
Quando ouço teus passos te afastarem
Te levarem para outras danças,
Outros caminhos alheios ao meu,
Vai-se a esperança, e tal como pomba
Voas para longe no infindável horizonte,
Onde apenas resta um breu.
Mas não estou triste, não como antes,
Sei que não és meu, és somente teu,
E eu também tua.
Nua me sinto, sem nada poder esconder,
Nada pode dizer, e nem preciso,
Não me precipito.
Tudo já sabes, quando vês o brilho em meu olhar,
Entendes o meu jeito, e o meu calar,
Mas, nada vai mudar!?
Se as minhas palavras tivessem
A força do meu amor,
ias saber quem eu sou,
E elas te trariam pra mim,
E nunca mais teria que sentir
A dor de te ver partir,
Nem ouvir, deixarei-te ir.