Flores em Eclipse
Em tempos que o universo era morte só do Criador,
Sublime aos olhos do senhor,
Bruma estelar de um universo a vapor,
Enquanto o divino propagava eclético,
Sendo o primeiro trovador poético,
Gorjeando de ser sintético,
Observou onipresente o mundo,
Fez do céu ao submundo,
Enchendo infinitamente de limitações pobres seres moribundos,
Cuja essência progride eternamente ao fundo,
Planejou sua despedida com a dúvida transcendental,
Somente com infinitos fins poderia descobrir o final,
E afinal,
A pergunta que não é respondida de ancestral a ancestral,
Qual a forma desse ser celestial?
Deus despede do mundo deixando seus olhos,
Gestos que achamos misteriosamente simplórios,
O Sol e a Lua são suas visões de trevas e luz,
Com suas grandezas pequenas ao olho humano que seduz,
Sagacidade de dúvida que aduz,
Do Sol havia uma rosa de chamas intensas,
Com graus de calor reluzentes e imensas,
Seu maior charme cega qualquer um que ver,
Ninguém contaria sua beleza em nenhum viver,
Da luz só enxergaria trevas desse belo ser,
Nem precisaria conhecer seus espinhos para ceder,
Solitária num universo rodeado de escuridão,
Sem mesmo divina revelação,
Acreditava sem noção,
Interna flor carmesim de emoção,
Da Lua existia a rosa negra como a amargura humana,
De ambiente lunar e desumana,
Que silenciosamente clama,
E mesmo sozinho clama,
Flor que tinha trevas palpáveis,
Vivendo amarguras de noites imensuráveis,
Sua claridade era reduzida ao vazio espacial,
Ninguém poderia ver o seu escuro potencial,
Com escuridão tão ancestral,
Quem veria tal ser abissal?
O primeiro elipse surgiu,
E ele viu,
Na chama da luz sorriu,
Mas ela partiu,
Propagou sua alma atrofiada,
Arrancou raízes trancafiados,
Mas as chamuscas afiadas,
Destruíram suas tentativas frustradas,
O pior cego é aquele que não vê,
O pior desamor é aquele que não se crê,
Que sofre sem sofrer,
Que morre sem saber,
E Deus sou e o que fazer,
Um novo eclipse convocou,
E então ele a chamou,
Era a companhia,
Era a sintonia,
O que vos queria,
Mas logo desmanchado o fenómeno estridente,
Um buscava o outro para sempre,
E dentre todos os ciclos de dia e noite,
Outro eclipse foi te,
Luz e trevas novamente num doce arrebite,
Clamou-a um convite,
Que não se irrite,
Mas poderia vir te,
E ela estendeu glamorosa mão,
E ele pegou sem hesitação,
Mas nessa alegação,
Ambos se destruíam,
E suas rosas doíam,
Como conseguiriam?
Mas sempre de amariam,
Nessa dança que parecida eternidade,
Se destruíram de verdade,
Sangrando com vontade,
Até que o destino os separasse,
Enquanto se recuperam esperando um novo dançar,
Esperando ansiosos pelo eclipse chegar,
Para poderem se amar,
Se destruir e se queimar,
Imortalmente vão se encontrar,
A Rosa de Chamas eternas,
A Rosa de Trevas eternas,
Duas almas singelas,
Destruindo-se por elas,
Esperam se matar numa nova dança,
Que mata e cansa,
Como duas crianças,
Podem ser ambas contrárias,
Do cruel destino comissárias,
Dois amantes que nunca se terão,
Dois amantes que nunca poderão,
Dois amantes em passageira reunião,
Mas apesar das dores do destino, sempre se encontrarão,
Eternamente se amarão.