EU



Me deito à sombra
Do teu dedo 
Indicador,
Sem direção, sem noção,
Sem o menor
Pudor.

Estico a alma
Para que caiba,
Para que a cambraia
Tão delicada
À luz do sol
Não resseque.

Rolo tranquila
Na indiferença
Das tuas pupilas.
Deito a cabeça
Entre teus cílios
Desço na lágrima
Distraída.

Eu sou vapor
Que o sol carrega
Transforma em nuvem
E faz cair
Sobre o teu rosto.

Mas sem pensar,
Tu me enxugas...
Algo de mim
Vai se ajeitando
Sem que tu saibas
Entre tuas rugas.




Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 15/01/2019
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