Desimportâncias

Desimportâncias

Sabe aquele amor

sonhado?

Pra virar realidade

carece de transparência

Assim:

nada de subterfúgios

de silêncios prolongados

de ausências desmesuradas

e carícias esquecidas.

Amar é verbo

pra se praticar

a cada dia

com sutilezas

risos

e todas as emoções do mundo

que cabem

no amor substantivado.

Fácil?

Não é!

Tem gente que desiste

no meio do caminho

confunde

as nuances

não decodifica as filigranas

e vai deixando pra lá.

Essas desimportâncias comezinhas

vão implodindo toda uma amorosidade

construída

e quando se vê

cadê a ponte que nos aproximava

a cada ameaça de solidão?

Um temporal de desdizeres

de ocos impreenchíveis

destruiu-a agorinha.

Os sinais foram aparecendo...

olhares que não se tocam

mãos que não se encontram...

lábios que não se procuram

e...

principalmente

sonhos que não se encaixam.

De repente

o querer de um

é demasia

é desejo de se locupletar

de orgias

que a vida pode dar

E o vagalume na noite escura

não serve como consolo

se o que se quer

é a estrela mais brilhante

É preciso se importar

dar apreço ao que se tem por perto

Amar

Amor

é também um pouco

de borralho

de pé no chão

o Amor feinho da Adélia (Prado)

Nem sempre é preciso pedigree

nas coisas do coração.

E se a rotina

vira desimportante

O amor pula a janela

ou sai à francesa

de chinelo

de vestido de chita

de rosto lavado

para aninhar-se em outro coração.

amarilia
Enviado por amarilia em 14/01/2019
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