Desimportâncias
Desimportâncias
Sabe aquele amor
sonhado?
Pra virar realidade
carece de transparência
Assim:
nada de subterfúgios
de silêncios prolongados
de ausências desmesuradas
e carícias esquecidas.
Amar é verbo
pra se praticar
a cada dia
com sutilezas
risos
e todas as emoções do mundo
que cabem
no amor substantivado.
Fácil?
Não é!
Tem gente que desiste
no meio do caminho
confunde
as nuances
não decodifica as filigranas
e vai deixando pra lá.
Essas desimportâncias comezinhas
vão implodindo toda uma amorosidade
construída
e quando se vê
cadê a ponte que nos aproximava
a cada ameaça de solidão?
Um temporal de desdizeres
de ocos impreenchíveis
destruiu-a agorinha.
Os sinais foram aparecendo...
olhares que não se tocam
mãos que não se encontram...
lábios que não se procuram
e...
principalmente
sonhos que não se encaixam.
De repente
o querer de um
é demasia
é desejo de se locupletar
de orgias
que a vida pode dar
E o vagalume na noite escura
não serve como consolo
se o que se quer
é a estrela mais brilhante
É preciso se importar
dar apreço ao que se tem por perto
Amar
Amor
é também um pouco
de borralho
de pé no chão
o Amor feinho da Adélia (Prado)
Nem sempre é preciso pedigree
nas coisas do coração.
E se a rotina
vira desimportante
O amor pula a janela
ou sai à francesa
de chinelo
de vestido de chita
de rosto lavado
para aninhar-se em outro coração.