ILUSÕES

De forma abstrata te possuo,

Pois materialmente és alegoria,

Então inscrevo-te em meu senso

Para que teus adereços me consumam

E em ti eu não seja mais utopia,

Mas o viço que me entorpece a vida.

Estás no patamar mais alto da imaginação

E eu teus sonhos navego ilhado

Pelos desejos que me assaltam

Desde o meu tombadilho até a tez

Nacarada por tua voz longínqua.

Vejo-me seduzido por uma abstração

Desenhada à mercê da criatividade

E de uma inconsciência que é o extrato

Das reflexões ultra sensoriais do cérebro

Conduzido a imaginar-te obcecada

Pelos desmandos de um tesão alcatifado.

Dentro das minhas fantasias surreais

Há um espelho de faces côncavas

Onde teu retrato é minha audaciosa fotografia

E daí retiro todos os átomos que me causam

A combustão de um prazer iníquo,

Porém sensivelmente adocicado pelo éter da paixão.

Sensibilidade edificada mediante ardente desejo

De ter-te e possuir-te sem meneios, mas com excitação

Suficientemente capaz de provar-te o ego emergente com ardor.

Meu coração chicoteia meio convexo e teu nome é inspiração

Que abrasa as tetas dum amor transformado em alucinação...

Portanto, és alucinação... Iconoclastia de minha febre de amar

E de ser amado por um corpo primaveril pleno de flores

E de um mel meio azedo e amargo, todavia táctil e sublime...

És uma ousadia fomentada pelas caricaturas de um âmago

Tão solitário e triste quanto a morte que nos abandona no sepulcro!

DE Ivan de Oliveira Melo’

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 14/01/2019
Código do texto: T6550404
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