AMOR E DESPREZO

Amei

Não mais amo

E agora o que fazer comigo

Sem ter umbigo com umbigo

Não amo apenas porque não quero

Talvez queira apenas me enganar porque resisto

Hoje o amor tá tão venéreo

Que tenho medo de tornar-me vulnerável

O amor que vejo por aí

Sinceramente falando

Está escravizado no sexo

Está rolando ladeira abaixo

Não se preenchem

Não se condizem

Não se coadunam

Abraços parcos

Beijos obsoletos

Camas feitas de boletos

Vejo muito interesse nos casais

Como a liga dos mingais

Não existe mais amor de verdade

Pelo menos não consigo perceber

Vejo o que todos vêem

Preencho meus poros me esbarrando na multidão

Vejo o que meus olhos me permitem ver

Mais sinto que está faltando amor na praça

Não tem mais o mormaço do abraço

O beijo roubado de graça

O amor virou negócio

Consórcio até na volatilidade da cachaça

Se existe amor?

Pode até existir sim

Mas depois que a gente morre tem um fim???

Assim é o suposto amor de um tuberculoso

Que só sente prazer porque ainda fuma

Ou de um alcoólatra por'que ainda bebe

Um paciente terminal

E uma enfermeira genial

Nunca dando alta

A quem muitas vezes

Não nos faz mais falta alguma

Nem tampouco pro hospital...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 11/01/2019
Código do texto: T6548089
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