AMOR E DESPREZO
Amei
Não mais amo
E agora o que fazer comigo
Sem ter umbigo com umbigo
Não amo apenas porque não quero
Talvez queira apenas me enganar porque resisto
Hoje o amor tá tão venéreo
Que tenho medo de tornar-me vulnerável
O amor que vejo por aí
Sinceramente falando
Está escravizado no sexo
Está rolando ladeira abaixo
Não se preenchem
Não se condizem
Não se coadunam
Abraços parcos
Beijos obsoletos
Camas feitas de boletos
Vejo muito interesse nos casais
Como a liga dos mingais
Não existe mais amor de verdade
Pelo menos não consigo perceber
Vejo o que todos vêem
Preencho meus poros me esbarrando na multidão
Vejo o que meus olhos me permitem ver
Mais sinto que está faltando amor na praça
Não tem mais o mormaço do abraço
O beijo roubado de graça
O amor virou negócio
Consórcio até na volatilidade da cachaça
Se existe amor?
Pode até existir sim
Mas depois que a gente morre tem um fim???
Assim é o suposto amor de um tuberculoso
Que só sente prazer porque ainda fuma
Ou de um alcoólatra por'que ainda bebe
Um paciente terminal
E uma enfermeira genial
Nunca dando alta
A quem muitas vezes
Não nos faz mais falta alguma
Nem tampouco pro hospital...