SEGUE-ME
José António Gonçalves
segue-me em silêncio
como as mulheres amadas
dos desertos
em redor dos nossos corpos
há uma plumagem muito branca
como as nuvens de Verão
olha para as pedras do caminho
e sorri baixinho para que eu sinta sempre
a tua presença junto de mim
mas segue-me
como se fosses a brisa da tarde
a consolar-me do cansaço
da jornada
e verás como não importam as distâncias
porque me segues e eu ouço-te os passos
como se em redor do teu andar
nada mais houvesse
como se eu estivesse
proibido por Zeus
de ouvir mais nada
José António Gonçalves
(inédito.23.5.04)