Pura visão
Olhos são
as janelas da alma
uma válvula de explosão!
erosão, palpitação.
Olhos são
o que se vê
e o que não se vê
por oblação.
São caminhos de arrepios
um sinal de tentação
a luz da canção
e todos os desafios.
Não confundo seus olhos
Com as jaboticabeiras
Deles florescem: Xique-Xique. Mocambo, bem me queira
Na caatinga do sertão.
São verdes-luas na vereda,
No pé da sombrosa aroeira
Onde xilogravamos os corações
Quero-o em mim bem redondos
Como os olhos da rolinha
Emplumando sobre a cerca
O alvo centro do meu coração.
Olhos são fios
os rios da sabedoria
os pios da melodia
jangada em prospecção.
Seus olhos não:
assanham sem motivos
arranham destemidos
Inquilinos do seu coração.
Janelas da alma
Portas da calma
Fresta de perdição...
Marcus Vinicius