Eu nunca e Eu sempre

Eu sempre fui negativo,

Nunca deixei de ser ativo,

É um mal nativo,

Eu sempre fui pessimista,

Quem nunca esteve satisfeito como violinista,

Que nunca terminava a própria lista,

Que não dava resposta mas entregava pista,

Que nunca desiste e que sempre insista,

Eu sempre pensei no ruim a minha frente,

Eu sempre quis desistir da minha mente,

Eu sempre quis tirar essa corrente,

Mas eu nunca estava comigo mesmo contente,

Eu nunca quis ser assim,

Eu nunca pensei em me por um fim,

Eu sempre menti pra mim,

Eu sempre fui assim,

E sempre fui eu mesmo,

E mesmo com tudo,

Contudo,

Nunca queria que fosse,

E se fosse,

Que me fizesse alguém melhor,

Mesmo escolhendo o pior,

Nunca fui ator,

Mas sempre escolhi a dor,

Entre ardor e frescor,

Entre felicidade e rancor,

Entre amar e odiar,

Entre querer e deixar,

Entre chuva e luz solar,

Tudo que escolhi foi pra me encontrar,

E me achei,

Posso não me amar,

Mas gostei,

Estou gostando,

Aos poucos me amando,

Entre sempres e nunca mais,

Eu não volto a ser o mesmo nunca mais,

Eu morro todo dia,

Pra encontrar-me em alforria,

Ando pisando numa linha de faca,

E ele me olha com sua consolação mascarada,

Ele quer que eu me perca em pensamentos,

Que eu me confunda em juramentos,

Ache que tudo são momentos,

Pra me colocar em paredes de cimentos,

Mas quando se luta contra você,

Você é o único a perder,

A mentira que te sufoca,

A mão que te enforca,

A boca que te amaldiçoa,

As unhas que te doa,

Tudo é mal necessário,

Mas nada é alfarrábio,

Como disse um sábio,

O fim começa com o próprio lábio,

Pois quem mais te conhece é quem mais te inferniza,

Quem mais te quer ruim é que internaliza,

Numa camada fria e lisa,

Ele te atropela e pisa,

Pisa com vontade,

Com toda a sua maldade,

Ele queria que fosse verdade,

Se não fosse você mesmo que se parte,

Ele vence,

Ele mente,

Ele crava o dente,

Mas ele sempre quer que você tente,

Então eu sempre me criei,

Mas eu nunca fui rei,

Eu sempre tentei,

Mas eu nunca pensei,

Eu sempre procurei,

Mas eu nunca mais me achei,

Eu sempre quis me achar,

Mas por ser diferente nunca estou no mesmo lugar,

Eu sempre me lembro do que escolhi,

Mas eu nunca chorei ou sorri,

Eu sempre procurei minha própria pena,

Eu nunca me senti com pena,

Eu sempre procurei aprender com o passado,

Mas eu nunca me vi a ele fadado,

Eu sempre quis amar,

Mas eu nunca quis tentar me ajudar,

Eu sempre quis ter,

Mas nunca me permiti ser,

Entre nunca e sempres,

Apertando os meus dentes,

Encontrei sorrisos e alegrias,

São meus sentimentos em orgias,

Que se encontraram,

E se amaram,

Não se calaram,

Mas não intercalavam,

Então eu sempre sou eu,

Mas nunca na minha cabeça me deu,

Que sou amado por si próprio,

Nessa vida de sóbrio,

Eu sempre quis mudar,

E eu nunca vou voltar,

Eu nunca vou mudar,

O conceito de amar,

Seja o próximo ou a mim,

Pois não vivo só por mim,

E por fim,

Amo-a mais que a mim,

Afinal, ela faz parte de mim,

Me tento e não vou me calar,

Só tenho uma coisa pra falar,

Como não (me) amar?

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 06/01/2019
Código do texto: T6544397
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