Contramão
Roubado de um sonho
a vida e o rio corriam imaculados
enquanto um estalava em cordas
por areias mortas
o outro floria em jardins
infestado de rosas
mas entrelaçavam seus dedos
nos barrancos em que tudo floria
e trocavam desejos
nos espelhos que nas
águas em poças formavam.
E assim hoje encontrei-te
na marginalidade das esquinas
deixei que me desse um beijo
em feroz deleite
logo me pediu um cigarro
e um copo de cerveja
que lhe dei na mão
é você que me chega toda acesa
uma estrela luminosa.
E não adiantou eu dizer não
difícil distinguir o trigo do joio
pois a vida é efêmera
e o rio é um arroio
e ambos correm na contramão.