Pergunta

A derradeira pergunta,

a questão fria e lúcida,

capaz de fazer arder

da cabeça aos pés,

de colocar em enlevo

a alma e no inferno

a tez... foi-me feita

em suplício...

Eis que alguém perguntara

se amo alguém.

Espírito silente rasgando

a dor em meu coração

se fez... roubou-me

as palavras, desviou-se

a lucidez. Dissimulando a

angústia que me invade, disse

eu não amar a ninguém...

Infeliz engano, porém,

achar que dizer não

me dará um talvez...

Pois mesmo que os céus

hoje se mudem

e o evo se faça origem

outra vez... não adianta...

eu amo... desde que sou eu...

desde que surgiu o tempo.

E a amarei, quando não

me pertencer mais o tempo...

No fim, nós... mesmo na ausência

das palavras.

Josué Brito
Enviado por Josué Brito em 29/12/2018
Reeditado em 29/12/2018
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